quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Voltando ao assunto: Gagueira Infantil


Devido ao enorme número de comentários no post de novembro de 2008 sobre Gagueira Infantil, resolvi escrever novamente sobre o tema, já que desperta tamanho interesse e principalmente, ansiedade em pais, parentes, professores que lidam com crianças com Disfemia (gagueira - disfluência).

Normalmente, a Gagueira está associada à fatores emocionais como medo, ansiedade e estresse. Não é difícil perceber que em situações de tensão como discursos, apresentações, discussões, todos nós apresentamos momentos de disfluência na fala. Estas disfluências podem acontecer na forma de bloqueios (pausas entre sílabas ou dificuldade para iniciar uma palavra), repetições ou prolongamentos, ou ainda, a combinação das duas. Além disso, usamos palavras ou gestos de apoio para ajudar-nos a "fugir" dos bloqueios ou conseguir um "tempinho" a mais para colocar as idéias e as cadeias de movimentos musculares em ordem.

Uma criança entre 1 e 3 anos está em franco desenvolvimento do seu potencial linguístico, com aumento expressivo do seu vocabulário, além, é claro, da enorme vontade de falar (repare que elas falam quase que sem parar na maioria das vezes). Muitas vezes, sua ansiedade é tanta, que o pensamento é mais rápido que a capacidade dos músculos ligados à fala de executarem os movimentos corretos da fala, bem como organizar todas essas idéias às vezes se torna confuso. Assim, é comum momentos de gagueira nas crianças desta faixa etária.

O problema é que às vezes, na preocupação em consertar ou ajudar a criança, geramos uma tensão e ansiedade ainda maior nela, fazendo com que esses bloqueios ou disfluências se acentuem. Aí sim podemos ter uma gagueira patológica se instalando. São sinais da Disfemia Patológica a inibição para fala (a criança evita responder de forma verbal), repetição de palavras de interligação, mesmo que elas não façam sentido na frase (mas, aí, então, ...), movimentos associados aos momentos de bloqueio (bater o pé, apertar as mãos, tiques de cabeça, piscar olhos com força,...).

Como a disfluência é muito ligada à questões emocionais, sejam ela causa ou efeito da gagueira, é sempre bom pensar não só na avaliação e acompanhamento fonoadiológico, mas também numa avaliação e possível acompanhamento psicológico.

O importante é tentar não deixar a criança ansiosa ou tensa para falar e na dúvida, consulte um fonoaudiólogo!

Um abraço,

Cynthia Jacques

3 comentários:

Renata disse...

Eu tenho um primo que gagueja muito mesmo quando está totalmente descontraído. Não sei se a causa tem muito a ver com fatores emocionais não. Eles podem agravar, mas provocar um quadro de gagueira persistente, acho difícil.

Cynthia Jacques disse...

Oi Renata.
Como falei na postagem, NORMALMENTE a gagueira está associada a fatores emocionais, mas NÃO necessariamente.
Existem linhas de estudos que dizem que a gagueira é de origem neurológica, outras só consideram fatores emocionais e ainda há os que acreditam em múltiplos fatores (meu caso).
Porém, comprovadamente, existem casos de gagueira de origem emocional assim como os de origem neurológica.

Um abraço,
Cynthia Jacques

André Luiz disse...

Minha filha de 3 anos e 1 mês quebrou o pé há uma semana. Cerca de 2 dias após o incidente, percebemos que ela começou a gaguejar com repetições de sílabas, às vezes fechando os olhinhos para falar. Eu e minha esposa estamos preocupados, pois percebemos que ela está bastante abalada com o pé engessado. Não sabemos ainda o que fazer. Estamos tentando consolá-la, pois pensamos que é momentâneo e está ligado ao trauma do pé quebrado.